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Clima semiárido expande e engloba toda a região Norte de Minas, segundo dados do IBGE

Os dados foram apresentados durante o seminário técnico, realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, na Biblioteca da Unimontes  

 

Dados da revisão territorial feita em 2024 apontaram que houve um crescimento da área do clima semiárido do Brasil. O cenário que mostra a nova extensão da mesorregião do Norte de Minas foi apresentado, durante o 5º encontro regional do Seminário Técnico Crise Climática em Minas Gerais: Desafios na Convivência com a Seca e a Chuva Extrema, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais e realizado na Universidade Estadual de Montes Claros.

 

Conforme a classificação do IBGE, a região norte-mineira está inteiramente incluída na área do semiárido, que duplicou em cinco anos. Ainda de acordo com o levantamento, muitos municípios já passaram a integrar o clima árido, como é o caso das cidades Gameleira, Espinosa e Mamonas, por exemplo.

 

O presidente da ALMG, deputado Tadeu Martins Leite (MDB), reuniu autoridades regionais, gestores municipais, vereadores, acadêmicos e órgãos ambientais que lotaram o evento pela manhã, onde foi destacada a importância do seminário. O deputado enfatizou sua construção coletiva ao mobilizar mais de 60 parceiros e praticamente todas as universidades de Minas para debater a situação da crise climática.

 

Agradeço a parceria da Unimontes para a realização desse seminário e quero destacar a importância dessa participação como berço de grandes pesquisadores. O seminário foi lançado em 14 de março, antes, portanto, da tragédia que assola o Rio Grande do Sul desde maio. Mas o que aconteceu lá só reforça a urgência do tema”, pontuou o deputado.

 

De acordo com Tadeu Martins Leite, os extremos climáticos têm se tornado cada vez mais alarmantes.

 

A estiagem afeta muito a região, mas também temos que aprender a conviver com as chuvas fortes em espaços curtos de tempo. O importante é se debruçar sobre a discussão de ações, de forma técnica como tem sido feito pela Assembleia neste seminário”, destacou o presidente.

 

O vice-reitor da Unimontes, professor Dalton Caldeira Rocha, também participou do seminário e agradeceu a parceria com a ALMG e a contribuição com o debate climático.

 

Eu acredito que as soluções e os possíveis enfrentamentos à seca no Norte de Minas podem se dar sobre dois pilares: o primeiro pilar é o da pesquisa, onde soluções criativas e técnico-científicas possam ser apresentadas para que o debate possa ser franco, com a busca de meios tecnológicos avançados para combater esses eventos extremos, como o excesso de chuvas ou a falta de água. E o outro pilar, a universidade tem um papel importante de transformar comportamentos em atitudes das pessoas pela educação, para assim conviver melhor com esses eventos”.

 

Durante a apresentação sobre o panorama climatológico da região, o professor Mário Marcos do Espírito Santo, do Departamento de Biologia Geral da Unimontes, acrescentou que, nos últimos 40 anos, o nível dos rios diminuiu 20% por década na região. Houve no período uma queda de 7% no volume de chuvas e um aumento de 18% na seca hidrológica (1979-2016).

 

Os dados fazem parte de estudo feito por professores da USP e do Instituto Federal de Januária, a partir de dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) sobre estações climáticas no Norte de Minas. Outro estudo citado por Mário Marcos do Espírito Santo, feito no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Januária, mostrou um aumento sem precedentes na temperatura dos últimos 70 anos.

 

A pesquisa analisou a Caverna da Onça, preservada sem impactos da presença humana, e nela foi verificada uma estabilidade na temperatura até 1950. Mas desde então, a temperatura na caverna sofreu um aumento de 3 graus, o que segundo o professor, confirma que há uma tendência de alta, com reflexos maiores, no que se refere a áreas já ocupadas pelo homem.

 

Apesar das variações anuais, a partir de 1950 é incontestável que a temperatura vem aumentando, sendo preciso considerar também o efeito humano na questão. Não há mais tempo para o negacionismo climático, e no Norte de Minas isso fica muito claro”, frisou o especialista.

 

O estudo ainda mostrou que, no Brasil, assim como no Norte de Minas, o fator que mais tem contribuído para o aquecimento global não é apenas a queima de combustíveis fósseis, e sim o desmatamento. Segundo o professor da Unimontes, o Norte de Minas perdeu mais de 40% de sua vegetação natural de cerrado e mata seca. Ele considerou que extremos de estiagem e chuvas preocupam, sim, mas que no Norte de Minas prevalece a preocupação com os efeitos da seca, puxados pela perda de vegetação.

 

São vários os cenários estudados, sendo o melhor possível o razoavelmente suportável e, no pior, a seca tomando tudo; é catastrófico”, resumiu sobre a situação.



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